O ano passou muito rápido! Meu Deus, já é dezembro! Este é um comentário comum no dia a dia nesta época do ano. Há muito tornou-se uma espécie de pretexto para entabular conversa quando se padece de falta de assunto.
É fato que viajamos muito, muito rápido… O ano, entretanto, não passou rápido como se supõe. A astrofísica não publicou qualquer documento sugerindo que nossa revolução em torno do sol tenha acelerado. Permanecemos viajando a exatos107.000 kmpor hora! Os dias, por sua vez, também não estão mais corridos, como julgamos. O movimento de rotação da Terra em torno do seu eixo permanece inalterado. Continuamos girando a1674 kmpor hora! Donde, pois a idéia de o tempo está passando mais rápido?
A princípio esse conceito de tempo é muito relativo. Os animais não sabem dele. Tampouco os anjos. Nós o inventamos. Juntamente com ele criamos o calendário, uma baita de uma invenção! Servem-nos bem o calendário e o relógio. Do mesmo modo que nos ajudam, incomodam, oprimem, estressam…
Tive uma experiência interessante na África há alguns anos atrás. Pregava numa aldeia no coração de Uganda. Os encontros que duraram toda a semana eram longos e tranquilos. As pessoas chegavam cedo para o culto e não se inquietavam com o passar do tempo. Notei, curioso, como ocidental, que ninguém se ocupava em checar as horas, uma vez que os cultos eram muito demorados. Percebi depois que ninguém procurava saber as horas porque ninguém tinha relógio!
Assim, não é o tempo que voa, nós é que perdemos o equilíbrio. É lastimável observar a agitação do ser humano urbano em sua rotina atropelada; Como um cavalo sob o estalo do açoite do tempo, o homem segue, resfolegando, atarantado, o que resulta em adoecimento do corpo e da alma. Um preço alto demais para uma vida, em muitos sentidos, sórdida demais!
O velho Moisés já há muito, tendo escapado do cativeiro do calendário e de seu turbilhão desestabilizador, ora com muita propriedade e pede ao Eterno: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal modo que alcancemos um coração sábio.” (Sl 90.12) É bom que oremos assim também para que não iniciemos o próximo giro em torno do sol apressados demais e sem tempo para desfrutar da paisagem.
Luiz C. Leite é pastor, psicanalista, administrador de empresas, conferencista e escritor. Autor de “O poder do foco”, editora Memorial; e “A inteligência do Evangelho”, editora Naós; além de vários títulos por publicar.
Fonte: www.guiame.com.br
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